terça-feira, 12 de abril de 2011

Número de desabrigados pela alagação do rio Acre já passa de mil


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Tião Vitor e Tatiana Campos     12-Abr-2011
Prefeitura de Rio Branco decreta situação de emergência e governo do Estado garante apoio para as famílias atingidas        

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“O governo e a prefeitura estão de mãos dadas neste momento difícil, uma situação causada pela força da natureza
O governador Tião Viana visitou os desabrigados pelo rio Acre que estão alojados no Parque de Exposições para garantir que o atendimento prestado pelo governo e prefeitura de Rio Branco seja o melhor possível. Água potável, energia, medicamentos e assistência médica 24 horas estão sendo oferecidos às 300 famílias desalojadas. Tião também autorizou a contratação de barcos e caminhões para ajudar na retirada das vítimas das áreas alagadas.

“O governo e a prefeitura estão de mãos dadas neste momento difícil, uma situação causada pela força da natureza. As famílias que estão aqui contam com a infraestrutura possível, com médico, água. A decretação do Estado de Emergência permite que a gente vá a Brasília pedir mais recursos para atender as pessoas que moram em áreas de risco”, disse o governador Tião Viana.

Quem tiver barcos ou caminhões e esteja disposto a ajudar na retirada das famílias em áreas de risco ou alagadas poderá prestar serviço ao governo através da Defesa Civil, que está autorizada a contratar caso seja necessário. “A intenção é retirar o maior número de famílias e os seus bens no menor espaço de tempo possível”, ressaltou o governador.

O secretário de Desenvolvimento para Segurança Social (SEDSS), Antônio Torres, disse que o governo do Estado está trabalhando em parceria com a prefeitura para dar o apoio necessário aos desabrigados. Ele contou que há equipes do Plantão Social da SEDSS colaborando com as equipes da prefeitura e fornecendo apoio logístico para o atendimento às famílias desabrigadas. “Estamos cedendo veículos e pessoal para ajudar na retirada das famílias”, contou Torres.

Situação de Emergência

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Água potável, energia, medicamentos e assistência médica 24 horas estão sendo oferecidos às 300 famílias desalojadas (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Um total de 227 famílias já  estava abrigado no parque de exposições Marechal Castelo Branco por volta das 9 horas da manhã desta terça-feira, 12. O número de pessoas ali instaladas já ultrapassa a casa dos mil. São todas oriundas de áreas ribeirinhas alagadas pela cheia do rio Acre. No local, elas recebem a atenção do poder público e um lugar para ficar até que o nível do rio baixe e permita o retorno seguro para as suas residências.

O prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, esteve no parque de exposições por volta das 8 horas. Logo em seguida, ele decretou situação de emergência, haja vista o número de bairros alagados. A prefeitura estima que mais de 3 mil pessoas já  foram afetadas.

A decretação do estado de emergência credencia Rio Branco para o recebimento de recursos da Defesa Civil nacional. Além disso, a prefeitura pode proceder a compra de alimentos, além de diversos outros produtos usados para dar apoio aos desabrigados evitando diversos trâmites burocráticos.

O prefeito Angelim disse estar preocupado com o comportamento do rio Acre, que tem subido bastante nos últimos dias. Na medição feita por volta das 6 horas da manhã, o nível do rio estava em 15,44 metros. Na noite de segunda-feira, 11, o nível do rio estava em 15,29 metros, o que mostra uma subida de 15 centímetros. A previsão é de que o rio continue subindo nas próximas horas. O seu nível está alto nas cidades de Xapuri, Brasileia e Assis Brasil, todas cidades localizadas às margens do rio e acima de Rio Branco. Outra preocupação é com o Riozinho do Rôla, um dos principais afluentes do rio Acre. Na noite de segunda-feira, o Riozinho apresentava o seu nível em 14,85 metros e, na manhã desta terça-feira, 14,90 metros, demonstrando clara elevação.

“Esses números preocupam, pois é provável que mais famílias sejam desabrigadas”, disse Angelim. “Estamos com uma estrutura muito grande aqui para atender os desabrigados”, afirmou Angelim. Ele acredita que o número de desabrigados deve subir bastante nas próximas horas.

Número de famílias desabrigadas cresce a cada hora

A toda hora mais e mais famílias estão chegando ao parque. Famílias como a de Luciana Nascimento de Souza. Logo cedo ela estava com parte de sua mobília na calçada da Avenida Amadeo Barbosa, no bairro Seis de Agosto, à espera de um transporte para ir também se abrigar junto com o marido, Rogério Paiva, e os quatro filhos no parque. Enquanto ela aguardara o transporte, Rogério ajudava outras famílias - vizinhos, em sua maioria - a também retirar os móveis. “O rio está subindo muito rápido. Não está  dando tempo para o pessoal da prefeitura e do governo tirar todo mundo. Enquanto eles tiram umas famílias, outras já estão na mesma situação. Por isso meu marido está ajudando”, disse Luciana. O que a família levou para o parque foi apenas alguns dos bens. Os demais móveis foram suspensos dentro da casa. “Vamos torcer para que o rio não suba mais, pois, se subir, perderemos tudo”, lamentou.
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Quem tiver barcos ou caminhões e esteja disposto a ajudar na retirada das famílias em áreas de risco ou alagadas poderá prestar serviço ao governo através da Defesa Civil, que está autorizada a contratar caso seja necessário (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O lugar de abrigo de todos, o parque de exposições, transformou-se em uma minicidade. Ali, prefeitura e governo do Estado montaram uma estrutura especial para atender todas as famílias. Um posto de atendimento médico está funcionando no local durante 24 horas. Durante sua visita nesta manhã, Tião Viana autorizou que médicos do Estado passassem a fazer o atendimento no local. Viana também disponibilizou medicamentos para abastecer a farmácia do posto.

Todo esse aparato atende famílias como a de Luciana e Rogério e como a de Sidney Lima da Silva. Ele e sua companheira, Marilene Chagas de Souza, estão abrigados desde a noite de segunda-feira, 11, no parque. Foram socorridos por homens do Corpo de Bombeiros. A casa em que vivem no bairro Taquari foi tomada pelas águas do rio. Permanecer no local seria um risco para eles e para o filho de oito meses. “A gente sempre espera que a água não chegue à casa da gente, mas quando chega não tem o que esperar, tem que sair mesmo”, disse Sidney. “O pessoal nos ajudou a tirar nossas coisas e agora estamos aqui. Vamos esperar que o rio baixe logo.”

Duas mil casas serão entregues até dezembro

O governo do Estado tem se esforçado para garantir casa a quem mora em áreas de risco ou alagadiças. A política habitacional prevê a entrega de duas mil casas em 2011, sendo o primeiro lote em maio, o segundo em agosto e o último em dezembro. Para o ano que vem a previsão é de três a cinco mil moradias.

“Entre 2009 e o final de 2011 a estimativa de entrega é de 10 mil unidades, com a possibilidade de chegar a 20 mil casas entregues entre o governo do Binho e o meu. Mas nós temos 36 mil famílias cadastradas no programa de habitação. Foram contratadas muitas obras e há poucas empresas para a demanda. Às vezes a gente vê a casa aparentemente pronta, mas faltam esgoto, saneamento, energia. E nós temos essa responsabilidade de só entregar uma casa com toda a infraestrutura de que ela precisa”, explicou Tião.

Bairros afetados

Adalberto Aragão, Ayrton Senna, Baixada da Habitasa, Cidade Nova, Cadeia Velha, Terminal da Cadeia Velha, Seis de Agosto, Triângulo Novo, Taquari, Base e Aeroporto Velho.

Áreas rurais afetadas

Panorama, Liberdade, Vai se Vê  I e II, Limoeiro, Catuaba, Bagaço, Extrema, Colibri, Corredeira, P.A. Moreno Maia, Jarinauá - Seringal Belo Horizonte, Barro Alto (Cajazeira, Água Preta e Barro Alto) e São Francisco do Espalha.

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