quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Lupi fica enquanto Dilma analisa parecer da Comissão

Por Reuters, reuters.com, Atualizado: 1/12/2011 21:18

Por Hugo Bachega e Jeferson Ribeiro
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff decidiu nesta quinta-feira manter Carlos Lupi no cargo de ministro do Trabalho, pelo menos até concluir a análise do parecer da Comissão de Ética Pública (CEP), que recomendou sua exoneração após considerar suas defesas para as acusações de irregularidades na pasta como "não satisfatórias" e "inconvenientes."
A CEP, um órgão consultivo da Presidência da República e com o objetivo de zelar pela ética na administração pública, anunciou a sua decisão na quarta-feira depois de analisar as denúncias de desvios em convênios, de cobranças de propina e de que o ministro teria pegado "carona" em avião providenciado por um empresário e dirigente de ONG, que meses depois assinou convênios com o ministério.
Após se reunir com Lupi nesta quinta-feira, Dilma pediu cópia do embasamento da decisão da CEP. Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, que preferiu não ter seu nome revelado, a presidente quer entender o que levou os membros da Comissão a sugerir a demissão do ministro, já que formalmente não há investigação contra ele.
Pesou também na decisão de Dilma a forma como a recomendação da CEP foi divulgada. Segundo relato de outra fonte, que também falou sob condição de anonimato, um órgão auxiliar da presidente não pode determinar o futuro de um ministro antes de lhe apresentar as fundamentações que levaram à decisão.
Segundo essa fonte, Dilma teria se sentido pressionada pela CEP a exonerar Lupi, que foi orientado a pedir a reconsideração da decisão do órgão colegiado, cujo os membros são escolhidos pela Presidência da República.
Dilma tem resistido a demitir Lupi para não perder mais margem de manobra na reforma ministerial esperada para o início de 2012. Se substituísse Lupi agora, a presidente sofreria pressão para manter um nome indicado pelo partido do ministro, o PDT, na pasta.
Lupi tem conseguido se manter no cargo apesar de diversas denúncias, mas a decisão da Comissão representou um forte revés para a sua situação política.
A permanência de Lupi foi acertada após reunião entre ele e Dilma pela manhã desta quinta e foi definida mesmo com a publicação de uma nova denúncia envolvendo o ministro.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, Lupi teria acumulado por cinco anos dois cargos de assessor parlamentar em dois diferentes órgãos públicos - a Câmara dos Deputados, em Brasília, e a Câmara Municipal, no Rio de Janeiro.
Porém, o ministro alegou por meio da assessoria que como era funcionário dos quadros da prefeitura do Rio de Janeiro e estava cedido para uma função na Câmara de Vereadores que não era comissionada, ele não viu problemas em acumular um posto de cargo de confiança (comissionado) na Câmara dos Deputados.
Diante da posição da CEP e da nova denúncia, a decisão de manter Lupi pode afetar a imagem de Dilma, que tem se esforçado para passar a mensagem de ser menos tolerante com o que considera "malfeitos." Desde junho, cinco ministros deixaram o governo diante de denúncias de irregularidades.
A COMISSÃO
O presidente da Comissão, Sepúlveda Pertence, disse nesta quinta-feira que o pedido de Dilma "é um fato novo" e que não iria se manifestar.
O próximo encontro da comissão está marcado para janeiro e somente nesta reunião é que pode ser anunciada uma revisão ou manutenção da decisão da CEP.
Em evento em Brasília, mais tarde, Sepúlveda disse que "não se cogita reunião extraordinária" da comissão, e procurou relativizar a decisão de Dilma de não seguir a recomendação do órgão.
A relatora do caso na Comissão de Ética, Marília Muricy, considerou "natural" o pedido de Lupi para que a sugestão seja reconsiderada. "É absolutamente natural para o jogo democrático que isso gere alguma agitação. Isso não me surpreende", disse.
Desde junho, seis ministros deixaram o governo Dilma, cinco deles saíram em meio a denúncias de irregularidades - Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).

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