quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Missão brasileira deixará o Haiti gradualmente, diz embaixador

Por Vermelho

Estudioso da área de defesa e segurança, o novo embaixador do Brasil no Haiti, José Luiz Machado e Costa, defendeu a retirada “gradual e responsável” das tropas estrangeiras que atuam no país em missão de paz. Autor da tese Balanço Estratégico na América do Sul e o Papel do Brasil na Construção de uma Visão Sul-Americana de Defesa, o diplomata ressaltou que a função de uma missão de paz é temporária e não permanente.
“A redução do número de homens no Haiti será gradual e responsável, seguindo o cronograma definido pela ONU [Organização das Nações Unidas] com o governo haitiano [do presidente Michel Martelly]. Uma missão de paz é por um tempo definido, não pode se eternizar”, disse Machado e Costa.
Desde 2006, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), formada por tropas do Brasil e de vários países, está no território haitiano. Este ano, porém, a ONU determinou a saída da missão. O ministro da Defesa, Celso Amorim, também é favorável à medida. Para ele, a missão cumpriu seu dever de conter as gangues que atuavam no país.
Reconstrução
Ainda segundo o embaixador, o Brasil pretende participar de forma mais ativa dos esforços para a reconstrução e o desenvolvimento do Haiti por meio de ações específicas para consolidar as instituições democráticas no país e estimular sua autonomia — através de parcerias, em áreas estratégicas como energia, agricultura, saúde e educação.
“O Brasil vai intensificar o apoio ao Haiti, no esforço para que o país fortaleça suas instituições e desenvolva-se economicamente e em paz”, disse. “O governo brasileiro tem cerca de 30 projetos de parceria com o Haiti e o objetivo é apoiar principalmente as áreas agrícola, de saúde e educação, além de infraestrutura e energia.”
O embaixador afirmou que para o próximo ano uma das prioridades é a construção da Hidrelétrica de Artibonite 4 C, que conta com o apoio financeiro do Brasil e a unidade de engenharia do Exército. Machado e Costa acrescentou que o projeto da hidrelétrica deve atender a cerca de 1 milhão de pessoas. “A falta de energia é uma das principais queixas da população haitiana. A hidrelétrica vai gerar emprego e melhorar as condições para muitas pessoas”, disse ele.
Missão
O Haiti é o país mais pobre das Américas, com problemas de infraestrutura básica – rede de esgotos e fornecimento de água potável —, de violência interna, ausência de instituições sólidas e instabilidade política e econômica. Com pouco mais de 8 milhões de habitantes, que falam francês e crioulo (dialeto local), a situação no país se agravou com o terremoto de 12 de janeiro de 2010, de magnitude 7 graus na escala Richter.
O terremoto matou cerca de 220 mil pessoas, entre elas Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, e 18 militares brasileiros. O governo e a população do Haiti, com o apoio externo, tentam reconstruir o país que ficou em ruínas. Paralelamente, os problemas que existiam se acentuaram, como o analfabetismo, que atinge 45,2% da população, e a expectativa de vida, que é apenas 60,9 anos.
O presidente do Haiti, Michel Martelly, que assumiu este ano o poder, avisou que entre suas prioridades está a recriação das Forças Armadas e o fortalecimento da Polícia Nacional. Com elevado índice de desemprego, uma economia frágil e carências em vários setores, o Haiti sofre com a ação de grupos criminosos, principalmente na capital, Porto Príncipe.
Fonte: Agência Brasil

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