segunda-feira, 23 de maio de 2011

Oito continuam desaparecidos após barco afundar no Lago Paranoá

Bombeiros apontam falha mecânica em bombas de esgotamento. Criança de 10 anos continua desaparecida

Naiara Leão, iG Brasília

Oito pessoas continuam desaparecidas desde que uma embarcação afundou na noite de domingo (22) no Lago Paranoá, em Brasília. Entre elas há uma criança de 10 anos. O Corpo de Bombeiros ainda não tem o número exato de pessoas que estavam na festa no local, já que não há uma lista de convidados.
As estimativas se baseiam nas afirmações do comandante do barco, segundo o responsável pela operação de resgate, Major Adriano Azevedo. Ele acredita que algumas pessoas possam ter se salvado nadando e não tenham entrado em contato com órgãos de segurança. Anteriormente, os bombeiros haviam divulgado que sete pessoas continuavam desaparecidas. Porém, segundo o próprio órgão, a lista possui nomes similares e é confusa. Oficialmente, oito pessoas seguem desaparecidas com possibilidade do número subir para nove, informam os bombeiros.

Motorista da outra lancha estaria embriagado, afirma vítima
Os mergulhadores começam a procurar corpos em locais distantes do acidente. Segundo o Major Azevedo, o vento forte da noite de ontem pode ter afastado as vítimas. Após uma reunião da Secretaria de Segurança Pública ficou decidido que a base de buscas passará nesta tarde do clube da  Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade) para o Brasília Ultraleve Clube.
Apesar de trabalhar com a possibilidade de encontrarem pessoas com vida em margens distantes do local do acidente, os bombeiros encaminham os familiares de desaparecidos para o Intituto Médico Legal.
O tio da menina de dez anos que não foi encontrada, o empresário Vilmar de Oliveira,  reclama da falta de informações. "Não tem ninguém prestando esclarecimentos e temos que procurar saber do que acontece por meio da imprensa"
Até agora 82 pessoas e 12 tripulantes foram resgatados. Um bebê de aproximadamente seis meses não sobreviveu e outras 15 pessoas foram hospitalizadas, mas nenhuma com problemas graves.
Falha mecânica e tripulação reduzida podem ter contribuído
Os bombeiros começam a levantar suspeitas de que a causa do acidente seja falha técnica e humana. A possibilidade de que existia uma lancha que bateu na embarcação ainda não foi descartada, mas é menos provável, segundo o major Azevedo.
“Há relatos desencontrados sobre a colisão com a lancha e o próprio comandante nega que tenha acontecido”, diz o major. “Por outro lado, claramente houve uma falha técnica nas bombas de esgotamento. Pode haver fissura no casco ou entrada excessiva de água”, completa.
Ele explicou que uma marola provocada por lanchas que passaram próximas à embarcação pode ter jogado muita água para dentro do barco. As bombas de esgotamento, responsáveis por jogar a água para fora, não teriam suportado a quantidade e a embarcação afundou.
“Sempre entra água no barco, mas pode ter sido um volume muito grande ou as bombas podem simplesmente não ter funcionado direito”, afirma Azevedo. A documentação e a fiscalização da embarcação estavam em dia, de acordo com a Marinha.

Vítimas contam detalhes do acidente
O comandante da operação de resgate questiona também a quantidade de tripulantes no barco. O número divulgado é de 12 pessoas, mas segundo o major havia apenas um homem cuidando da parte técnica. O restante seriam funcionários da empresa que organizava a festa, como garçons e recepcionistas, além do DJ.
“É estranho ter só um comandante. Como ele vai guiar e cuidar de problema mecânico? Por isso, a orientação que ele deu às pessoas e a distribuição de coletes foram tardias. Deveriam haver, no mínimo, três pessoas fazendo isso”, diz o major Azevedo.
Ele conta ainda que o comandante demorou a decidir se os passageiros pulavam na água ou esperavam socorro. Por causa disso, nem todos colocaram os coletes a tempo e muitos  coletes foram encontrados flutuando na água.
A operação de resgate foi retomada às 6h da manhã desta segunda, depois de ser interrompida por volta das 3h da madrugada. Cerca de 30 homens do Corpo de Bombeiros e da Marinha trabalham no local.
Segundo a major Vanessa Signari, que assume o comando das buscas nesta manhã, os esforços serão concentrados na busca dos desparecidos. A retirada da embarcação da água, a 17 metros de profundidade, ainda está sendo planejada, pois há o risco de que ela afunde ainda mais. “Há uma dificuldade grande porque o barco está de ponta, por isso, acredito que a retirada só aconteça amanhã”, disse a major.

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