quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Deputados da oposição preparam dossiê das Florestas Públicas



Do ac24horas
Qua, 31 de Agosto de 2011 22:50
Quando se formula um conjunto de ações para se pensar a preservação, o desenvolvimento sustentável e o manejo florestal sustentável não deveriam ser os povos da floresta os primeiros a serem ouvidos?
FLORESTA
Em tese sim, mas na prática o que o governo do Acre vem fazendo através da Secretaria Executiva de Florestas, coloca em xeque toda a política ambiental defendida pelo governo do PT, há 13 anos e que tem como precursor, o senador e engenheiro florestal, Jorge Viana.
No rastro das investigações de como vem sendo executado esse conceito de florestania, pensado pelo jornalista Antônio Alves, ex-gurú da Frente Popular do Acre e conselheiro político de Marina Silva, os deputados Major Rocha [PSDB] e Marileide Serafim [PMN], se dedicam há duas semanas na montagem de um grande quebra-cabeça, face ao número de denúncias que todos os dias chegam a seus gabinetes, desde que equipes da Organização Internacional de Madeiras Tropicais [ITTO] estiveram no Acre pela última vez. A reunião com o ITTO foi fechada, contou com a participação de Jorge Viana e algumas notinhas na Agência de Notícias do Acre.
Revoltados com o que foi informado a ITTO, empresa responsável por promover a conservação e o uso sustentável dos recursos florestais, os seringueiros e produtores inseridos no projeto de manejo Antimary [o Plano Piloto da Florestania no Acre], resolveram abrir a boca. No centro das principais denúncias já checadas pelos deputados, com a ajuda de engenheiros florestais e técnicos da Universidade Federal do Acre, está o uso insustentável da floresta, a malversação dos recursos públicos e a falta de planejamento estratégico.
itto-acre
Desde que assinou como testemunha o contrato feito entre as Associações do Antimary e a empresa de laminados Triunfo [uma das maiores patrocinadoras da Campanha da Frente Popular], o deputado Major Rocha já voltou cinco vezes à região.
- Nesse primeiro momento o trabalho tem que ser de conscientização mesmo. Precisamos vencer a batalha da desconfiança e mostrar aos seringueiros e produtores, que nossa presença tem o objetivo de ajudar, de fiscalizar a execução da parte social do projeto. Estamos registrando todos os encontros, a comunidade que vive sob pressão, está perdendo o medo – comentou o tucano.
A deputada Marileide Serafim faz o trabalho de campo. Com auxílio de engenheiros florestais e técnicos da Ufac, ela acompanha a volumetria das árvores que estão abandonadas e apodrecendo nos enormes pátios. Ela informou ainda, que neste trabalho técnico será possível saber de forma aproximada, a quantidade em metros cúbicos da madeira que foi retirada por espécie.
- É um serviço que exige muita dedicação. Estamos verificando se as áreas de proteção permanentes estão danificadas e o mais importante, a quantidade de portas sementes que foram abatidas – disse a deputada.
Marileide confirmou a existência de indícios que demonstram que a lei ambiental brasileira não consegue barrar atos ilícitos que desmatam e devastam as florestas. Mas prefere não adiantar detalhes do trabalho técnico enriquecido com uma vasta documentação entregue aos deputados.
- Somando isso vamos estar fazendo uma avaliação se o projeto está atendendo os critérios de certificação e acima disso, o seu objetivo, que é a função social, econômica e ambiental. A partir dai, sim, concluir o relatório técnico – confirmou a deputada.
ac24horas acompanhou uma das visitas dos deputados ao Projeto de Assentamento do Limoeiro. Foram duas horas e meia andando pelos ramais da Taboca [acesso pelo município do Bujari] e pelo ramal do Espinhara, uma estrada aberta no meio da floresta que nos levou até às margens do Rio Antimary.
Ao chegar à colocação onde o ex-governador Jorge Viana, do PT do Acre, projetou mostrar para o mundo que era possível viver da floresta, um flagrante da malversação dos recursos públicos.O centro de Infraestrutura Comunitária de Apoio Social e Produtivo, construído com recursos do BNDES, na ordem de R$ 115,8 mil, nunca funcionou. Suas estruturas estão invadidas pelo mato. Uma das casas, onde deveria funcionar a Unidade de Saúde, também se encontra na mesma situação de abandono.
Foram localizadas centenas de plaquetas de identificação de árvores de manejo jogadas em meio a capacetes coloridos em outra casa abandonada no meio do mato.
- Essa imagem nos impressiona. O povo do Acre precisa saber como está sendo gasto o dinheiro dos empréstimos feitos pelos governos do PT. Mais angustiante é saber que por trás dessa malversação dos recursos públicos, existe uma penelinha que fica a cada dia mais rica. Quanto o povo da floresta, não podemos dizer o mesmo. Estão sendo enganados esses anos todos – concluiu Rocha.
Na próxima reportagem da série, vamos mostrar o produtor rural que está sendo pressionado para vender sua madeira e desmatar a sua área de terra. Histórias de calotes dados pelas empresas exploradoras. A serraria que sumiu do mapa. O ac24horas também apresenta a versão oficial do governo através do secretário João Paulo [da SEF] e Carlos Rezende.

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