sábado, 22 de janeiro de 2011

As organizações no sistema social global

Muito já se comentou sobre a complexidade da sociedade contemporânea e os desafios constantes a que estão sujeitas às organizações e todo o contingente humano e profissional que dela fazem parte. As mudanças radicais que ocorreram no final do século XX e que continuam presentes neste início do terceiro milênio provocaram e provocam toda espécie de cenários, cujas leituras são objetos de análises justamente no processo de elaboração de um planejamento estratégico. Para Peter Drucker (1999, p. 189), “nenhum século da história humana passou por tantas transformações sociais radicais como o século XX”. As mudanças que ocorreram, sobretudo na última década, foram tão significativas que alteraram completamente a geopolítica internacional, a sociedade, as relações de trabalho, as formas de governos etc., provocando mudanças diferentes de “tudo que existiu em qualquer outro momento da história: em suas configurações, seus processos, seus problemas e suas estruturas”.
A sociedade e os estados nacionais já passaram por grandes transformações e continuam enfrentando constantes desafios, dados os efeitos permanentes do fenômeno da globalização, da revolução tecnológica da informação, do poder dos grupos financeiros e supranacionais e da situação geopolítica mundial, sobretudo após o ato terrorista de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, e a invasão dos mesmos Estados Unidos no Afeganistão e Iraque.
Vivemos numa civilização em que os paradigmas da sociedade nacional são substituídos pela sociedade global . Se os Estados em desenvolvimento podem participar dos organismos internacionais e de blocos regionais, graças à globalização, por outro lado estão sujeitos à pressão e ao poder das grandes empresas transnacionais, dos grupos financeiros de capital volátil e do G7 – grupo dos países ricos – e dos organismos supranacionais (FMI, Banco Mundial, OMC), que estão sempre procurando suplantá-los e impor-lhe as regras do jogo.
Se observarmos os acontecimentos que ocorrem em nível global, como as reuniões da OMC – Organização Mundial do Comércio dos últimos anos e do Fórum Econômico Mundial (Davos, Suíça) veremos, por outro lado, que há um contraponto, por meio das manifestações da sociedade civil organizada contrária à globalização autoritária defendida pelos grupos hegemônicos. Um exemplo ilustrativo, como ponto de partida da atuação desses movimentos sociais, foi o que sucedeu na reunião da OMC em Seattle (1999), nos Estados Unidos.
O Fórum Mundial Social, que teve as suas primeiras realizações, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, é um exemplo do esforço social para se buscarem novas alternativas frente ao poder da globalização econômica. Esses encontros organizados denotam novas formas de cidadania em construção – a cidadania planetária, preconizada pelos movimentos da sociedade civil global. São novas manifestações no espaço público, que ganham destaque na mídia. Defendem interesses específicos, como agentes atuantes de uma sociedade civil mais organizada, e agem como sujeitos numa perspectiva global.
Todas essas novas configurações do ambiente social global vão exigir das organizações novas posturas, necessitando elas de um planejamento mais apurado da sua comunicação para se relacionar com os públicos, a opinião pública e a sociedade em geral.

Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações contemporâneas Margarida M. Krohling Kunsch UNIrevista - Vol. 1, n° 3 (julho 2006)

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