terça-feira, 20 de março de 2012

Importados minam a produção e ameaçam PIB

Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR 
20/03/2012 | 08h43 | Conjuntura
Importações
Os produtos importados tomaram conta das prateleiras do país. Pelas estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), um em cada cinco bens consumidos no Brasil vem de fora. Em alguns setores, a proporção é maior. No segmento de informática e eletrônicos, por exemplo, para cada dois produtos, um é produzido no exterior. O volume de insumos estrangeiros utilizados pelas fábricas nacionais também é elevado. Em 2011, corresponderam a 21,7% dos componentes — um recorde. 

Até mesmo os têxteis, um dos segmentos mais abatidos pela concorrência internacional, depende da importação para se manter no mercado. O setor trouxe de fora 28,5% dos insumos usados na produção. Na industria calçadista, o ingresso de importados também já é alarmante: atingiu a marca de 42,6%.

Para o setor fabril, esses números evidenciam o avanço da desindustrialização no país. Mais que isso, sintetizam os efeitos do chamado custo Brasil (carga tributária exagerada, logística e transporte deficientes e juros reais ainda elevadíssimos), que, ao lado do dólar desvalorizado frente ao real, vem dilapidando o crescimento da industria e prolongando a crise do setor. Pelos dados da CNI, 10 segmentos industriais carregam uma balança comercial deficitária. Ou seja, o custo com os insumos importados supera a receita com exportações. Em 2005, esse cenário se resumia a cinco áreas.

“Esses números mostram que o indústria manufatureira está se transformando em importadora”, lamentou Flávio Castelo Branco, gerente executivo da CNI. “Se nada for feito para atenuar os custos sistêmicos, o quadro deve se agravar, com o crescimento da economia (Produto Interno Bruto) sendo limitado pelo baixo desempenho da indústria neste ano”, alertou. Apenas entre 2009 e 2011, a participação de produtos estrangeiros no consumo cresceu 3,2 pontos percentuais.

Fábio Gallo Garcia, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), explica que, em função do custo Brasil, os empresários estão montando operações baseadas na importação. A seu ver, eles se transformaram em montadores de produtos, trazendo tudo de fora e sem desenvolver tecnologia. “A culpa não é apenas do industrial que está acostumado a ver o governo resolver seus problemas. O poder público também tem parcela de culpa ao impor tantas barreiras ao setor produtivo”, disse.

Do Correio Braziliense

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