sexta-feira, 8 de julho de 2011

Marina Silva quer mobilização em torno do Código Florestal

- são paulo

Marina Silva quer mobilização em torno do Código Florestal. No ato que marcou o seu pedido de desfiliação do Partido Verde, a ex-senadora Marina Silva pregou cooperação por parte das organizações sociais e políticas, incluindo o movimento que será fundado pelo seu grupo, para modificar o projeto do Código Florestal, de autoria do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que está no Senado. Marina afirmou que o texto é um retrocesso e que Dilma firmou um compromisso na campanha eleitoral de 2010 de não aprovar novos desmatamentos e a anistia por crimes ambientais.

"Para discutir o Código Florestal e evitar o retrocesso que foi aprovado na Câmara dos Deputados é muito maior do que isso aqui. É o Comitê pelo Desenvolvimento Sustentável e pelo Desenvolvimento das Florestas formado pela OAB, ABI, CNBB, SOS Florestas. Cada um, nesse movimento aqui, pode ajudar nessa mobilização. Trata-se de apoiar as coisas que são boas para o Brasil. A presidente assumiu um compromisso no segundo turno de que, se tivesse um projeto que aumentasse o desmatamento e que anistiasse os desmatadores, ela vetaria", lembrou a ex-senadora.

Ela referiu ainda que só na expectativa acerca da votação do texto na Câmara dos Deputados, o Estado do Mato Grosso aumentou o desmatamento em 450%. Apontou ainda que o texto do deputado Aldo Rebelo respalda a presidente Dilma a vetá-lo.

"Esperamos que não precise o veto para que ela não tenha que ficar ou contra a sociedade ou contra o Congresso, que na sua maioria votou. E que a sociedade dê sustentabilidade política para que possamos fazer a aprovação no Senado, que, ao invés de uma mobilização para o veto, se possa fazer uma festa para sancionar a lei que protege as florestas, que promove o desenvolvimento sustentável à altura de um país que tem 60% da sua cobertura florestal", projetou Marina.

A ex-senadora foi acompanhada em seu gesto de deixar o PV pelos empresários Guilherme Leal, vice na chapa presidencial, e por Ricardo Young, que candidatou-se ao Senado no ano passado.Além destes, encabeçam a lista João Paulo Capobianco, coordenador da campanha presidencial, e o ex-presidente do diretório paulista Maurício Brusadin.

Nota do PV 

Em nota oficial, o PV comunicou que deu todas as condições para que Marina Silva e seu grupo atuassem no partido. A nota lembra que, já no primeiro momento, os "marineiros" ocuparam 10 dos 58 cargos da Executiva Nacional. De acordo com o texto, o partido não impôs nenhum embate interno em torno de temas caros à campanha eleitoral de 2010 como o aborto, a legalização das drogas e a união homossexual, a chamada "cláusula de consciência".

No entanto, o deputado Alfredo Sirkis reagiu dizendo que os compromissos que ele avalizou para atrair Marina Silva para o PV foram descumpridos. 

"O fato de dez pessoas terem se incorporado na Executiva pouco tem a ver com o processo democrático. Aquilo foi para preparar o partido para disputar as eleições. O que tinha sido acordado é que, depois das eleições, haveria um processo que pusesse fim à existência das comissões provisórias e do sistema de cooptação. E que passaria a se eleger a partir das instâncias municipais as Executivas Estaduais. E haveria, evidentemente, convenção. É normal um partido que quer mudar a política manter o mesmo presidente por doze anos?" indaga Sirkis. 

Sobre seu futuro político, Marina Silva não foi precisa, mas disse que não quer ocupar uma cadeira cativa de candidata em 2014. 

"Não sou candidata a priori, não vou ficar na cadeira cativa e não sei se vou me candidatar à Presidência [em 2014]. Não vou engessar a minha vida a priori numa expectativa induzida para ser candidata. Me exponho a um processo e quero ver, como pessoa, onde é melhor a minha contribuição", afirmou.

Projetando as eleições municipais de 2012 e um possível apoio a Eduardo Jorge à sucessão de Gilberto Kassab, Maurício Brusadin defendeu que ainda é cedo para o grupo determinar um apoio ou não. "O Eduardo Jorge pertence a esse grupo, é um quadro importante do partido, mas é cedo para declarar apoio." No evento, o ex-deputado Fernando Gabeira participou via Skype e afirmou que os partidos estão muito desgastados e cada vez mais distantes da população. De acordo com ele, o movimento que surge hoje é importante porque representa uma resposta a um problema fundamental dos últimos anos. 

"Como aproximar sociedade dos grandes temas, fazer com que exista a possibilidade de participação política de muitas pessoas que querem participar mas não encontram forma de fazê-lo de maneira ética." Desgastada depois de tentar, sem sucesso, mudar a direção nacional do PV, Marina se desfilia, contrariando a opinião de aliados próximos, como o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ). 

Segundo aliados da ex-senadora, tanto o Partido Verde quanto Marina perdem com a sua desfiliação da sigla. Para ela, faltará visibilidade e estrutura partidária.
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