Trilhas ecológicas e paisagens arrebatadoras aumentam apelo do teleférico
Até pouco tempo inacessível até mesmo para o poder público, o Complexo do Alemão tem tudo para entrar na rota do turismo no Rio de Janeiro, como a própria presidente Dilma Rousseff chegou a declarar em visita recente à comunidade. Nesta semana, o Jornal do Brasilesteve lá e fez um passeio guiado pelo complexo e pôde comprovar: simpatia digna de cidade do interior, trilhas ecológicas e paisagens arrebatadoras fazem do local um prato cheio para qualquer turista. O passeio no teleférico, claro, não pode ficar fora do roteiro.
"A pacificação e o teleférico fizeram todo mundo olhar para o Complexo do Alemão de uma maneira completamente diferente", explica Alberto Dias. Morador da comunidade e ex-paraquedista do Exército, ele guiou a reportagem por trilhas no meio da mata e por alguns pontos famosos das favelas. Entre belíssimas paisagens que o resto do mundo jamais pôde conferir graças ao domínio do tráfico de drogas na região, ele mostrou até a trilha usada por traficantes para fugir da Polícia Militar, numa das cenas mais marcantes do processo de ocupação. "Ninguém melhor do que o próprio morador da comunidade para ser guia turístico aqui, se o governo decidir apostar no pontencial do Complexo".

Belas paisagens e simpatia dos moradores

Com pinta de guia turístico, Alberto fazia questão de indicar alguns dos pontos famosos da região durante o passeio. Ele mostrou desde locais que ficaram famosos, como a bela trilha eternizada como rota de fuga dos traficantes durante a ação da Polícia Militar, até "celebridades" da comunidade, como Dona Efigênia. Aos 87 anos, ela é considerada a moradora mais antiga do Complexo.
"Aqui era só mato. Cheguei com 15 anos e não queria deixar ninguém construir casa aqui. Era só meu naquela época", brinca Efigênia. Sorrindo, ela lembra que ficou separada de suas irmãs por 40 anos porque o bonde que passava perto da casa delas parou de circular e ela não conhecia bem o Rio de Janeiro. Até hoje fã dos bondes, ela se nega a andar no teleférico. "Eu andava de bonde porque era nova. Não entro nesse negócio aí de jeito nenhum, eu morro de medo. Mas é bom ver as coisas aqui melhorando".
Apesar das melhorias, Alberto crê que o Alemão ainda está longe do ideal, mas espera que as atrações turísticas da região ajudem no crescimento.
"Todo mundo sabe que o tráfico continua aí, escondido. Mas as coisas estão bem melhores e o pessoal se sente mais seguro. O problema é que ainda falta muita coisa", lembra Alberto. Nas áreas onde o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não chegou, há pouca perspectiva de melhoria. Um dos exemplos é o Inferno Verde, um lixão a céu aberto no coração do Complexo. Antigo problema da comunidade, ele permanece como uma das áreas mais pobres do Alemão. "Há muita coisa para ser feita no Alemão ainda e o turismo pode ser a chave para ajudar os moradores. Além de emprego e renda, ele pode gerar infra-estrutura para quem mora aqui".
Nenhum comentário:
Postar um comentário