quinta-feira, 23 de junho de 2011


Setores do PSDB e do PT também abrem guerra ao partido de Kassab

Por Redação, com Vermelho.org - de São Paulo
Kassab
Gilberto Kassab criou um partido para deixar o DEM
Setores do PT, do DEM e do PSDB estão prontos a tornar um inferno a vida do prefeito paulistano, Gilberto Kassab, e o seu recém-fundado Partido Social Democrático (PSD). Ainda que, formalmente, petistas, demos e tucanos tenham aceitado a presença da nova facção política no cenário nacional, Kassabcomeça a ser atacado por todos os lados.
Na Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Antonio Donato (PT) apresentou, na terça-feira, um requerimento para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o uso da estrutura da Prefeitura na coleta de assinaturas para a criação do PSD. Donato já tem 20 assinaturas — duas a mais que o necessário — para a abertura da comissão, mas precisa do apoio da maioria dos 55 vereadores para que o requerimento passe na frente dos outros 34 pedidos de investigação parados.
Donato se baseou em reportagens de jornais paulistas que mostraram funcionários de subprefeituras coletando assinaturas para a criação da sigla. Um repórter da Folha de S.Paulo preencheu a ficha de apoio à sigla do dentro da Subprefeitura da Freguesia do Ó, no gabinete do subprefeito Valdir Suzano.
Na semana passada, o diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo também publicou um e-mail no qual uma servidora de uma subprefeitura da Zona Sul pedia ajuda a amigos para coletar assinaturas para a sigla do prefeito.
– Existem muitos boatos de cotas para coletas nas subprefeituras – afirmou Donato.
Todos os 11 vereadores do PT assinaram o pedido. Cinco vereadores do PR e um do PTB, PP e PPS também pediram abertura da CPI. Além deles, o tucano Tião Farias apoiou a abertura da CPI. Segundo ele, a assinatura foi pessoal e não representa decisão do PSDB. Para que a CPI passe na frente de outros 34 pedidos de comissões, é preciso que tenha 28 votos.
Na segunda-feira, Kassab alegou que a coleta de assinaturas “não tem custos”. De acordo com ele, o caso envolvendo a subprefeitura foi “uma exceção”. Ele também afirmou que paga do próprio bolso as viagens que faz pelo país para promover a criação de seu novo partido.
Tucanos
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) já se manifestou contra uma investigação dos vereadores sobre o novo partido de Kassab. Mas os tucanos já deflagraram uma operação para impedir a criação do PSD a tempo das eleições municipais do ano que vem.
A manobra consistirá na apresentação de ações pulverizadas por todo o país para a contestação do registro da nova legenda. Para adiar o cronograma traçado por Kassab, as impugnações serão entregues a cada etapa sempre no último dia previsto por lei. A estratégia tucana prevê que apenas o DEM assuma a autoria das ações. O PSDB, com aval do presidente Sérgio Guerra (PE), dará assessoria jurídica ao partido.
A operação foi autorizada pela cúpula tucana na noite de segunda-feira, quando o prefeito de São Paulo admitiu a hipótese de aliança com a presidente Dilma em 2014.
– Vamos fazer o possível para enterrar esse partido – decretou Guerra, segundo presentes à reunião.
A legislação prevê a possibilidade de contestação em três fases do processo de registro de um partido: nos cartórios, nos TREs (Tribunal Regional Eleitoral) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Segundo cálculo da assessoria jurídica do PSDB, uma ação bem orquestrada pode atrasar em 15 dias cada uma dessas etapas.
Para tirar o PSD do papel, Kassab precisa do apoio de 490 mil eleitores, distribuídos em pelo menos nove estados, até 7 de outubro. Do contrário, não registrará candidatos para o pleito de 2012. Segundo o prefeito, a nova sigla já conseguiu mais de um milhão de assinatura e cerca de 100 mil já foram certificadas.
Dentro do PSDB, o ex-governador José Serra ainda aposta numa relação amistosa com seu afilhado político. Segundo tucanos, o senador Aécio Neves (MG) teme o desfalque de seus aliados, mas não deverá comprar uma briga com Kassab. “O PSD, neste momento, é nebuloso. Não podemos julgar uma coisa que não está pronta”, esquivou-se o presidente do PSDB de Minas, Marcos Pestana.
Além do PSDB, o DEM busca outros aliados. Na Bahia, conta o apoio do peemedebista Geddel Vieira Lima.
– Vou fazer tudo para dificultar o partido de quem quer uma boquinha. Espero que a Justiça Eleitoral esteja atenta a isso – disse Geddel. Já em São Paulo, o PTB, comandado pelo deputado Campos Machado, aliado de Alckmin, engrossará o confronto, liderado pelo DEM, contra Kassab.

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