O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu ontem arquivar as representações que pediam abertura de inquérito contra o ministro da Casa Cilvil, Antonio Palocci.
Segundo documento de 37 páginas apresentado por Gurgel, não existem indícios concretos da prática de crime no aumento de patrimônio de Palocci.
"Não é possível concluir pela presença de indício idôneo de que a renda havida pelo representado [Palocci] como parlamentar, ou por intermédio da Projeto, adveio da prática de delitos nem que tenha usado do mandato de deputado federal para beneficiar eventuais clientes de sua empresa perante a administração pública", afirma Gurgel.
Para ele, seria "mais simpático para o Ministério Público" a abertura de investigação, "porque 'procurando, vai achar', porque 'certamente há algo de errado' e outras trivialidades". Mas, diz Gurgel, o procurador não pode "ceder a tais bordões".
Pressão
Horas antes da decisão da procuradoria, era nítido o aumento da pressão pela saída do ministro. A Força Sindical divulgou nota em que pediu o afastamento imediato de Palocci. E o PCdoB, partido da base aliada do governo, pediu rápida solução para a crise.
A presidente Dilma Rousseff esperava o parecer da procuradoria para decidir o futuro de Palocci. Também deve pesar a opinião do ex-presidente Lula.
Dilma se cala, e Chávez sugere 'fuerza' a ministro
O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, recebeu ontem o apoio do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que foi recebido no Palácio do Planalto pela presidente Dilma Rousseff. "Fuerza, fuerza" [força, força], disse Chávez ao ministro. Já a presidente Dilma, ao ser perguntada por repórteres se Palocci ficaria no cargo, seguiu na direção oposta à dos jornalistas.
Chávez, que se apoiava em uma muleta por causa de lesão no joelho, roubou a cena. Ao ver os jornalistas, o venezuelano perguntou se eram repórteres e contou, então, que uma vez estava caminhando com o então presidente Lula e foram cercados por algumas pessoas. Chavéz teria lhes perguntado se eram jornalistas. E ouviu como resposta: "Sí, presidente, somos periodistas, pero también somos gente". Até Dilma riu da piada.

Ministro esteve presente ontem à recepção ao presidente da Venezuela, mas não falou com jornalistas
Pedro França/News Free/Folhapress
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